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A VIDA SECRETA DOS RITUAIS E SEUS CRÍTICOS

(…) A Maçonaria não é alienígena, nem seus rituais. Parece óbvio, mas esse atributo deve ser o cerne de toda análise sobre qualquer ritual. Contudo, na Maçonaria brasileira, tem-se uma cultura positivista de “certo ou errado” sobre práticas ritualísticas, que não sobrevive a três segundos de raciocínio lógico, partindo dessa premissa.

A Maçonaria não nos foi concedida por uma civilização alienígena, mais evoluída intelectual, moral e espiritualmente do que a nossa. Logo, todo seu conteúdo foi confeccionado com base em conhecimentos terrestres previamente desenvolvidos por humanos não-maçons. Do mesmo modo, nenhum ritual maçônico veio pronto de outro planeta ou foi ditado pelo anjo Gabriel a um maçom. Logo, todos os rituais maçônicos são uma “colcha de retalhos” (termo emprestado do Irmão “Hi-kon-Passos”): todos são enxertos de conteúdos de escritores, religiões, sociedades, escolas e tradições não-maçônicas anteriores, com adequações e alterações para uso maçônico. Discutir se um retalho é melhor do que o outro é como discutir o sexo dos anjos.

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Um comentário sobre “A VIDA SECRETA DOS RITUAIS E SEUS CRÍTICOS

  1. Prezado Ir.
    Parabéns pelo texto.
    Como bem dito, precisamos investir em pesquisa, literatura e ensino
    maçônico de qualidade, razão pela qual o debate e a exposição de opiniões divergentes são tão importantes.
    Dito isso, tenho uma dúvida.
    Vc comenta sobre a obra de Pike sobre os graus simbolicos (“The
    Porch and the Middle Chamber: The Book of the Lodge”) dando a entender – me corrija se entendi errado – que Pike buscou escrever um ritual resgatando a identidade do Rito Escocês Antigo e Aceito, restaurando seu conteúdo, de modo a oferecer
    uma prática maçônica mais próxima da francesa, tal qual fez o ir. Behring.
    Entretanto, da leitura do referido livro, na apresentação do ir. Arturo de Hoyos, fiquei com a impressão de que Pike quis escrever o seu ritual, baseado no seu próprio entendimento sobre os graus, e não buscando restaurar uma suposta originalidade de como o rito era praticado na França.
    Se essa afirmação for verdadeira, então a afirmação do seu texto, de que o ritual de Behring seria “um resgate da identidade do Rito Escocês Antigo e Aceito, restaurando seu conteúdo, de modo a oferecer uma prática maçônica mais próxima da francesa” por “copiar” trechos do ritual de Pike, não seria correta.
    Enfim, é só um detalhe para enriquecer o debate, pois como dito no próprio texto, não se trata de certo ou errado, e sim de entender o porquê das mudanças.
    Em segundo, não achei o texto do ir. Fernand-es-Quadros Hi-kon-Passos na internet. Como poderia ter acesso?
    Aproveito para parabenizá-lo pelo blog e pela contribuição para a leitura maçonica de qualidade.
    TFA

    Kennyo Ismail – Ir. Fellipe, obrigado pelo comentário. Relato no ensaio que a decisão de Behring, em utilizar “o Livro da Loja” de Pike, foi provavelmente buscando uma fonte confiável de um ritual antigo dos graus simbólicos do REAA. A questão pertinente que você coloca é se eles acertaram ou não nessa escolha. Não sei qual parte da apresentação do De Hoyos que te deu essa impressão, mas imagino que possa ser esta: “Muitas das revisões posteriores de Pike foram um afastamento drástico deste trabalho anterior, enquanto alguns rituais permaneceram muito semelhantes ao longo de suas várias revisões, que duraram até 1884. Pike, um editor, escritor e poeta habilidoso, não apenas modernizou a linguagem, mas tentou adicionar coerência e dar significado onde não era facilmente aparente na maioria dos rituais anteriores“. Se for esse trecho, devemos observar que De Hoyos se refere às revisões que Pike fez dos rituais após 1872, até 1884, em que Pike, de fato, deu sua contribuição literária (“baseada no seu próprio entendimento”, como você bem descreveu). Contudo, os rituais dos graus simbólicos não passaram por essas revisões. Além disso, a leitura deles traz muitos elementos encontrados em antigos rituais, como, por exemplo, a menção a “São João da Escócia”. O grande desafio talvez seria de se mapear hoje, 150 anos depois, o que é do Pike e o que é de cada ritual antigo que ele tinha em mãos, recuperados em Louisiana e de outras fontes. TFA.

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