Em 2010, por iniciativa do então Grão-Mestre, Fraçois Stifani, a Grande Loja Nacional Francesa publicou carta aberta em apoio a Nicolas Sarkozy, presidente da França. Durante os anos de 2011 e 2012, todas as importantes Grandes Lojas da Europa e da América do Norte, além de várias em outras partes do mundo, retiraram o reconhecimento da Grande Loja Nacional Francesa por desrespeitar o princípio básico da Maçonaria de que “um maçom na sua qualidade maçônica não faz nenhum comentário sobre política, ou que possa ser interpretado como se aliasse sua Grande Loja com um determinado partido político ou facção”. Muito menos um Grão-Mestre.
O reestabelecimento do reconhecimento da GLNF só ocorreu em Junho deste ano de 2014, apenas após eleito um novo Grão-Mestre e a adoção de ações internas que garantissem que o episódio não mais ocorrerá.
No entanto, somente 04 meses depois, parece que há irmãos brasileiros que não conseguiram aprender com os erros da GLNF. Talvez por desconhecer tais fatos ou mesmo tal princípio básico da Maçonaria. Quanto ao princípio, maçom algum pode declarar desconhecê-lo, visto que na Ordem só ingressa homens alfabetizados e em plenas condições de aprendizagem das leis, regras, cerimônias e instruções maçônicas.
Fato é que, em 1938, a Grande Loja Unida da Inglaterra publicou, em conjunto com as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda, “The Aims and Relations of the Craft”, uma declaração dos princípios fundamentais que serve de base para todas as Grandes Lojas regulares do mundo. O item 6 dessa declaração registra claramente tal proibição ao afirmar que:
“Enquanto a Maçonaria inculca em cada um dos seus membros os deveres de lealdade e de cidadania, reserva-se ao indivíduo o direito de ter sua própria opinião em relação a assuntos políticos. Entretanto, nem em uma Loja, nem a qualquer momento em sua qualidade de maçom, lhe é permitido discutir ou fazer promover seus pontos de vista sobre questões teológicas ou políticas”.
A razão de tal proibição é notória e muito bem registrada na literatura maçônica. Sendo a Maçonaria uma ordem universal, que abraça membros de diferentes religiões e convicções políticas, defensora perpétua das liberdades civil, religiosa, política e intelectual, nunca poderia ou poderá, como instituição, imprimir preferências políticas ou religiosas, por risco de desrespeitar as convicções de seus próprios membros, independente se maioria ou minoria, causando assim desarmonia entre maçons ou Lojas.
Passado o período eleitoral, que a lição seja aprendida, correções de curso sejam feitas, erros sejam corrigidos, e, principalmente, que nas próximas eleições eles não sejam repetidos.
Mano Kennyo nessas eleições podemos ver o quanto a nossa maçonaria brasileira precisa evoluir. Tenho certeza que assim como presenciei, muitos outros irmãos presenciaram atos como esse feito pela GLNF, ocorrendo em nossas Lojas. Também pudemos observar a distância entre o conceito de tolerância e a pratica da tolerância, pois bastava um irmão se posicionar politicamente contrário ao outro que as ofensas entre ambos começavam.
Minha esperança é que todos esses fatos sirvam como aprendizado, afinal maçonaria é muito mais que um partido político ou do que um governo específico e somente quando nós maçons tivermos certeza disso é que ela poderá cumprir seu papel no âmbito social.
Fica a observação de que quando negligenciamos nosso passado, nesse caso bem recente, cometemos os mesmos erros que outros cometeram….
Imagino que seja um “principio” que ao bem querer das lideranças maçônicas ou é deturpado ou é feito vista grossa a sua aplicabilidade. Ao montar um grupo de minha Loja no aplicativo Whatsapp, pude ver a zona, que virou devido aos anseios políticos de cada Ir. Ao fim da campanha mostrei aos aprendizes a resposta do porque não se discutir política partidária dentro de Loja, tendo em vista a zona formada.
Agora a ténue linha do discurso politico/discurso partidária fica a cargo da observação, na duvida é melhor aprender.
Kennyo Ismail, tenho pelo irmão profunda admiração e respeito. Acompanho vossos artigos que são bastante pertinentes e atuais. Nos conhecemos pessoalmente quando de vossa visita aqui no Amazonas e espero reencontra-lo em breve. No entanto meu irmão, fica aqui um questionamento que me atormenta, qual o limite da tolerância e omissão? Eis um tema interessantíssimo e fica minha sugestão para saber vossa opinião. Vosso texto é perfeito e embora eu concorde em gênero número e grau, penso que precisamos buscar outras alternativas para combater o mar de corrupção e desmandos que ocorrem em nosso país. Cheguei à conclusão que, por mais que nossa ordem lute para perpetuar bons e justos exemplos não tem sido o suficiente para a melhoria de nossa sociedade. combater os vícios a ignorância e os erros não há fórmula e é exatamente esse o ponto que devemos proporcionar uma revolução de ações. No cenário político atual não vejo que estava em jogo partido A ou B, candidato X ou Y. E sim os livres e os não livres, os morais e os imorais e por aí vai… Um forte abraço,
Irmão Kennyo. Saiba que sou admirador seu, e penso que você está coberto de razão. Apenas pra contribuir com o tema sugerido pelo irmão Alexandre Rolins Lopes (no comentário anterior), pergunto: Sou Maçom, Mestre Instalado, atual Venerável de minha Loja, eleitor da Dilma, filiado ao PT. Onde será que eu me enquadro? entre os livres ou entre os não livres? entre os morais ou entre os imorais?
Através da política é que se controla o Estado, portanto devemos ser agentes engajados em busca da paz social sendo um cidadão maçon ou não. Ao ingressar na Ordem conheci os preceitos maçônicos básicos os quais é meu dever acatá-los com tolerância a depender da situação apresentada, portanto jamais serei conivente com atitudes que venham desestabilizar a harmonia entre os irmãos, principalmente em relação a “política partidária” dissimulada, corrompida e divulgada pelos meios de comunicação.
Meus caros amigos e irmaõs, a nossa Ordem Iniciática é uma instituição que jamais, pelos seus princípios e sua filosofia, poderá admitir discutir política partidária, a nossa política é a social.; A pureza dos seus ensinamentos que conduz os iniciados a despertarem para os valôres espirituais não se coadunam com atitudes e procedimentos que tem como objetivo a locupletação pessoal e não com o bem estar do povo braasileiro.
Na vida profana, cada irmão pode filiar-se à facçào política que achar justa. Mas, nas Lojas, grupos de whatsapp e outros espaços maçônicos , só cabem posicionamentos em prol dos princípios que favoreçam o crescimento individual e social, sem partidarismo político nem proselitismo religioso. Assim, mantém-se a Fraternidade Maçônica e a unidade da Ordem na construção de um Mundo Melhor.