Em algumas eleições, em especial na Sublime Ordem Maçônica, não é raro vermos uma única chapa pleiteando o governo da fraternidade. Nesses casos, também não deixamos de assistir membros descontentes com essa situação. Os argumentos são quase sempre os mesmos: “a Maçonaria perde por falta de opções”; “a unanimidade é burra”; “isso não é um exercício de democracia”.
Uma das frases mais conhecidas entre os maçons norte-americanos é a de que “a harmonia é a força e o sustentáculo de todas as instituições bem regulamentadas, especialmente a nossa”. É esse poderoso princípio, a Harmonia, que muitas vezes torna possível a construção de uma coalizão, de uma aliança de grupos distintos em prol de um projeto único, de um bem maior para a organização maçônica.
Olhando para o histórico maçônico brasileiro, no qual desde as menores Lojas Maçônicas até as maiores Obediências têm sofrido cisões por conta de rachas políticos internos e disputas eleitorais nos últimos 182 anos, provocando a rivalidade e a divergência em nosso seio, não é difícil compreender a real importância de se priorizar tal princípio fraterno.
Quando uma coalizão maçônica é formada, vê-se nitidamente que não há falta de opções, mas sim uma união dessas opções, em que as diferenças entre as mesmas são superadas pelo desejo de construção de algo maior e, evidentemente, mais forte.
Se todos partirmos para a crença de que “a unanimidade é burra”, podemos logicamente deduzir que tal afirmação é burra, simplesmente por essa alcançar a unanimidade. O raciocínio não pode ser tão simplista assim. Há que se levar em consideração o complemento de Nelson Rodrigues, de que a unanimidade é burra se os membros não pensam, apenas seguindo o movimento dos demais. No entanto, se eles refletiram e optaram por se juntarem a tal movimento, isso não é burrice. É sabedoria.
Há várias unanimidades neste nosso mundo. Explodir o planeta, matando todos os seres vivos é uma unanimidade. Assim como precisamos preservar os recursos naturais para a sobrevivência da humanidade. Ainda, que a cultura e as artes são relevantes para as sociedades e seus indivíduos. Essas e tantas outras são unanimidades porque um simples raciocínio lógico sobre seus temas leva qualquer ser humano mentalmente capaz a concordar com elas. E, na Maçonaria, todo maçom concorda que a harmonia é melhor do que a desarmonia. Uma unanimidade.
Mas, e quanto a democracia? O maçom perde com uma chapa única? A Maçonaria perde? Democracia é um sistema de governo em que os membros elegem seus dirigentes. Ou seja, se você não perde o direito de votar, você não perde o direito à democracia. Assim, se há votação, a democracia está ali, presente. Isso porque, mesmo havendo uma única chapa, ela só será eleita pelo poder do voto da maioria dos membros da instituição. De toda forma, continuamos tendo a opção, o direito de escolha, de votar contra ou a favor.
E, nesse sentido, alegro-me em saber, por exemplo, que o GODF seguirá por tal caminho nas próximas eleições, com uma chapa única, capitaneada por Lucas Galdeano e Reginaldo Albuquerque, e abraçada por todos os diferentes grupos que compõem essa Obediência Distrital. Um pleito em que todos sairão vencedores. A sabedoria, tão almejada na Maçonaria, tem sido exercida, e a harmonia maçônica, com absoluta certeza, mais uma vez prevalecerá.