Para muitos maçons mal informados, a Grande Loja Unida da Inglaterra exerce função de “xerife” do mundo maçônico, sendo a legítima guardiã da regularidade maçônica, devendo ditar as regras a serem seguidas pelas demais Obediências. Para esses, se a Maçonaria fosse uma religião, a GLUI seria uma espécie de Vaticano Maçônico. É importante esclarecer que a GLUI não tem essa autoridade e que isso é totalmente contrário a todos os princípios maçônicos de autonomia, soberania e igualdade entre Obediências.
A quase submissão das Grandes Lojas da Escócia, Irlanda, Índia e de algumas Grandes Lojas da Austrália e Canadá é até tolerável, considerando terem esses países pertencido ao Império Britânico e a GLUI ter sido a provedora de tais Grandes Lojas. Porém, a submissão presenciada por outras Obediências no restante do mundo, e até mesmo no Brasil, é inaceitável e demonstra que o “complexo de vira-lata” alcança até as fileiras maçônicas.
Para quem não está familiarizado com o termo, o complexo de vira-lata é uma expressão de autoria de Nelson Rodrigues para se referir à inferioridade e submissão que muitas vezes o brasileiro se impõe voluntariamente. E, infelizmente, essa postura foi historicamente institucionalizada na Maçonaria brasileira em relação à Inglaterra.
O desavisado que visitar a Maçonaria Regular nos chamados países desenvolvidos descobrirá que essa idolatria à GLUI não é compartilhada pelos mesmos. Muito pelo contrário: verdade é que a GLUI não faz parte da vanguarda maçônica, seguindo várias vezes a tendência impulsionada por outras Grandes Lojas, quase que pressionada pelas mesmas a sair da inércia.
Antes de elevar a GLUI ao posto de “rainha do mundo maçônico”, posto esse que os britânicos já estão familiarizados pelo modelo de Estado, reflita um pouco sobre isso: A Maçonaria está diretamente ligada ao princípio de Liberdade, considerado direito natural dos homens. E enquanto o mundo ocidental ainda experimentava o gosto amargo das monarquias absolutistas, a Maçonaria já sentia o doce sabor da democracia em suas Lojas e Grandes Lojas. Sendo precursora dos ideais libertários e democráticos, a Maçonaria participou ativamente e de forma determinante da Revolução Francesa e da libertação de praticamente todos os países do continente americano. Atualmente, até mesmo em países como Cuba, que vive uma Ditadura Castrista há mais de 50 anos, a Maçonaria mantém intacta a chama da democracia em seu interior, elegendo periodicamente seu Grão-Mestre. No entanto, eu pergunto: Qual é a única Grande Loja do mundo que traiu esse princípio de democracia, tirando do povo maçônico o direito sagrado de escolher entre os seus membros um Grão-Mestre? A Grande Loja Unida da Inglaterra.
O Príncipe Eduardo, Duque de Kent, é Grão-Mestre da GLUI desde 1967, ou seja, uma “ditadura maçônica” que dura 45 anos. Alguns podem questionar essa afirmação, dizendo que ele é constantemente “reeleito”. Porém, não devemos nos esquecer que Fidel Castro também era. Ambos, por motivos óbvios, sempre foram candidatos únicos.
Se a Maçonaria Regular Mundial acha por bem tolerar tal situação proveniente da GLUI, entendendo que é uma questão de cultura dos maçons ingleses que, assim como os cidadãos daquele país, ainda se sujeitam em dividir os homens (e os maçons) entre nobres e plebeus, e favorecer esse primeiro grupo em detrimento do segundo, isso é fraternalmente compreensível. Afinal de contas, a tolerância é um dos belos ensinamentos transmitidos pela Maçonaria. Mas que fique claro ao maçom que lê estas palavras: a Grande Loja Unida da Inglaterra não é um modelo a ser seguido, quanto mais uma autoridade a ser obedecida.
Polêmica em 3, 2, 1…
Caro irmão Kennyo,
e quanto as lojas espúrias? Baseado no seu texto podemos dizer que elas também tem seu valor e merecem nosso respeito?
TFA
Desculpe, meu Irmão Renato, mas não entendi qual a relação que você sugere do assunto do texto com lojas espúrias. O texto trata de Maçonaria Regular Mundial e não faz referência alguma a Obediências ou Lojas Irregulares. Por isso não compreendi o raciocínio de seu questionamento.
TFA,
Kennyo Ismail
O que eu quis dizer é que, sendo as lojas espúrias consideradas irregulares por não estarem sob as regras da UGLI, não tem o respeito ou reconhecimento de muitos maçons por elas possuírem regras próprias (diferentes da UGLI) e não ter tradição. A minha dúvida é, as lojas que não obedecem as regras da UGLI são confiáveis?
TFA
Renato Cardoso
Agora entendi. Meu irmão Renato, esse foi um dos motivos pelos quais escrevi esse texto. Essa ideia de que a regularidade vem da UGLE (ou GLUI) é errada e vem dessa visão de "Vaticano Maçônico". É apenas uma confusão que fazem entre os conceitos de reconhecimento e regularidade. Não copiar a GLUI não significa ser espúria. Sobre as regras de reconhecimento e regularidade, por exemplo, as Grandes Lojas dos EUA possuem suas regras próprias, diferentes da GLUI, e nem por isso são menos tradicionais ou menos respeitadas.
TFA,
Kennyo Ismail
IR.'., mais uma vez (tá ficando repetitivo já… rsss) meus parabens pelo excelente texto!
IR.'., sabe que eu concordo em genero, número e grau com o que foi dito. De certa forma, existe esse "colonialismo" da maçonaria brasileira em relação à Inglaterra… e isso é histórico e tão forte que podemos notar pelas próprias modificações realizadas no REAA para agradar principalmente a maçonaria inglesa.
Quanto a questão do Ir.'. Mario Cardoso, eu digo que a questão de algumas potências "espúrias" (note que o termo é totalmente incorreto se analisarmos o sentido real da palavra) ou melhor, não reconhecidas, é complicado. Conheço excelentes irmãos, pessoas de boa índole e caráter que foram iniciados por uma potência irregular. O problema dessas é que muitas operam de forma duvidosa, com administrações quase que ditadoriais (álias, uma dessas potências, cujo nome prefiro não falar, tem o mesmo Grão Mestre desde sua fundação a uns 9 anos atrás… como na GLUI), realizam iniciações aos montes (com convites via spam e formulários de inscriação via internet). Nada contra, ao meu ver, o profano interessado se aproximar da maçonaria (o que não significa este será aceito). Porém, fazer divulgação e propaganda tipo "Venha ser maçom!" eu sou contra, é algo que eu considero como uma verdadeira violação dos nossos principios e leis (quer dizer que o profano incauto paga uma taxa XXX e já é iniciado sem sindicancias e escrutinio, aprende os rituais, sinais e etc… podendo em até alguns casos se tornar "mestre maçom" em pouco menos de 6 meses e "Grau 33" em poucos anos… tudo para angariar metais e sem a preocupação do neófito, que acabará ou desistindo da maçonaria – com uma idéia muito errada sobre a mesma – ou acabará se tornando um "irmão pavão Grau 33").
Não duvido que existam potências irregulares sérias, com lojas sérias e que realizam um trabalho tão bom quanto (o até mesmo melhor) que muitas lojas das ditas "potências regulares". Com certeza que existem. Porém o problema é que essa é a exceção e não a regra. Normalmente essas potências não passam do famoso "Golpe do Maçom".
E fora o caso das potências mistas e/ou femininas… que eu acredito que devam ser bem mais sérias, porém, como nós seguimos (com direito a um juramento solene e sagrado) os Landmarks de Mackey, não podemos considera-las, pelo menos formalmente, como irmãs.
TFA
Meu Irmão Roberto, obrigado. Aproveito para reforçar as suas e as minhas palavras: as Obediências Irregulares são consideradas irregulares por conta duma irregularidade de origem ou irregularidade de prática, e não por conta de seguir ou não as regras da GLUI. Aproveitando um comentário seu, um exemplo claro são os Landmarks: a GLUI não adota a versão de Mackey, e sim os contidos na Constituição de Anderson; as Grandes Lojas dos EUA tem variações de relações de Landmarks entre 07 a 54; já as Obediências do Brasil e do restante da América Latina costumam adotar a versão de Mackey.
Enfim, até aqueles maçons brasileiros que pensam que estão seguindo os landmarks da GLUI na verdade não estão. E nem deveriam estar. O que importa são aqueles pontos de regularidade que definem uma Obediência como regular ou não.
TFA,
Kennyo Ismail
Ola meus Ir.’. estou gostando muito dos trabalhos aqui apresentados, quanto ao trabalho sobre regularidade, é muito complicado dizer que é errado o posicionamento da GLUI, sabendo que a mesma é descendente direta junto com a frança da maçonaria operativa na Europa que é na verdade a raiz do que hoje chamamos de maçonaria especulativa, porém no seio dessas duas Grandes potencias, O Grande Oriente da França cometeu o maior do crimes maçônicos (Perjúrio) abrindo aos profanos através da TV a iniciação de um candidato e para piorar ainda mais, legalizou em seus Pais a iniciação de mulheres, aprovou em sua constituição a iniciação de ATEUS, deu regularidade a maioria das potencias mistas no mundo. Seguindo sua linha o Grande Oriente da Itália filmou uma sessão onde os Mestres estão todos fazendo o Sinal do Grau, isso na televisão.
por outro lado vejo uma total harmonia e respeito aos nossos ensinamentos mais antigos por parte da GLUI, dizer que o comunismo de Fidel se iguala a soberania do Grande Mestre é muito precoce e sem argumentos sólidos, se a constituição da Grande Loja não se impõe do candidato ser reeleito por mais de 3 mandatos não vejo problema algum ele ser reeleito, no minimo deve fazer um excelente trabalho ou não estaria mais no cargo.
Kennyo Ismail – Ir.’. Eric, inicialmente, obrigado pelo contato e comentário. O texto não é uma crítica ao posicionamento da GLUI sobre regularidade ou qualquer outro assunto, mas sim quanto a postura de muitos maçons brasileiros, que parecem sofrer de uma espécie de “complexo maçônico de vira-lata”, elegendo a GLUI como o “xerife” do mundo maçônico. Assim como o mundo civilizado não precisa mais de xerifes, elegendo a ONU como foro correto para suas questões, a Maçonaria possui a Conferência Mundial das Grandes Lojas Regulares que deveria ser o foro correto para isso. Eleger a GLUI como a legítima detentora da “moral maçônica” por conta de sua antiguidade é temerário, pois, como você mesmo deu de exemplo, o GOdF, apesar de também antigo, optou por outro caminho. Nesse sentido, faz-se necessário observar que a GLUI não é uma instituição “infalível”, sendo falha democraticamente e não exercendo qualquer papel de “vanguarda” na Maçonaria para ser seguida. Um exemplo é o caso da GLNF, em que várias Grandes Lojas européias agiram sobre o assunto até que a GLUI se sentisse pressionada a agir, mostrando-se mais uma vez como seguidora, e não como líder. Sobre eleições, você há de concordar comigo que em Maçonaria não se pode fazer distinção dos membros, entre nobres e plebeus. A partir do momento que o Grão-Mestrado é restrito à nobreza, vc fere um importante princípio maçônico. A GLUI fez isso. E não é uma questão de tradição, como alguns podem querer crer, pois os primeiros Grão-Mestres na Inglaterra eram plebeus. Foi uma mudança com interesses estritamente políticos. Então, veja que a GLUI também pode “sair um pouquinho” da linha de nossos ensinamentos… TFA: Kennyo Ismail
Est.´.. Ir.´. Kennyo,
Salute e Fratellanza!
Cumprimento-o nas formalidades e em nome da Alta Venda Carbonária Universal, desejo transmitir o nosso contentamento pelo indeclinável trabalho desenvolvido e apresentado neste site, repleto de material resultante de uma investigação séria e imparcial, quando de maneira impecável desmistifica, desmente e esclarece as barbáries praticadas por algumas obediências, escritores maçons e até mesmo profanos que se atrevem a opinar acerca da Ordem Maçônica Universal.
É certo que, no transcurso de vários séculos, muitas maçonarias actuaram para o bem da humanidade, contudo, as maiores foram absorvendo as menores e as que não se agremiaram as às suas lideranças, foram tratadas como irregulares.
Apenas quatro Lojas formaram a GLUI, todavia, dezenas e dezenas e para não dizer centenas, ficaram de fora dessa associação. Portanto, duas linhas de maçonarias vem se perpetuando por todos os tempos, em vários países e continentes, sendo uma “in memoriam ad perpetuam Rei” (para a perpétua memória do Rei) e a outra que é para “Deus e o Povo!”. Por ser esta última republicana e revolucionária, é preterida e tripudiada pela outra que tida como “vira lata”, está sempre apegada aos interesses do Estado, ignorando os interesses do povo.
Recentemente, li um artigo do Jornalista e Cineasta Arnaldo Jabour, em que ele afirma que 95% dos políticos corruptos deste país, provém da maçonaria. A maioria deles, oriundos das ditas lojas “regulares”. A onde está a regularidade disso?
Dessa forma, seu trabalho dignificante, esclarecedor e desmistificador da maçonaria, é usado integralmente no Q.´.H.´. da Instrucção, da Maçonaria Carbonária, como fonte de informações e conhecimento auxiliando no trabalho exaustivo de debelar as mentiras e as falsidades da maçonaria brasileira, pondo uma pá de cal sobre escritores maçons mal intencionados e envaidecidos pela práctica voluptuosa da mentira e do fanatismo. Toda a agremiação maçônica dita regular ou irregular que se insurgir contra seus irmãos e interferir na administração de outras agremiações, disseminando o preconceito, a discriminação contra a liberdade de pensamento, opinião religiosa, política e particularmente às mulheres, boceja o bafo fétido da ignorância e da tirania.
Resta-me saudá-lo convenientemente, cumprimentando-o nas formalidades e rogando ao Grande Arquitecto e Carpinteiro do Universo que vos conceda paciência e perseverança em suas investigações da verdade.
V.´.B.´.V.´.!
Triple Abbraccio.´.
BPr.´. Giuseppe Garibaldi33.´. PM.´. GM.´.
Gde.´. Chanc.´. e Secr.´. Gda.´. dos SS.´.
Grande Loja Carbonária do Brasil
Alta Venda Carbonária Universal.
Essa questão de “regularidade” e algo que se tornou obsoleto diante de algumas questões. Existem maçons de lojas consideradas expurias que são exemplares obreiros levando a liberdade ao mundo. Enquanto alguns outros de lojas tidas como regulares que fazem um trabalho fora dos ideais da ordem. Maçonaria sempre será maçonaria, o que difere são as potências. Temos a maçonaria inglesa, maçonaria francesa, maçonaria judaica( isso mesmo! Maçonaria judaica!), Maçonaria americana.
Saudações Nobre Kennyo !!!
“A quase submissão das Grandes Lojas da Escócia, Irlanda, Índia e de algumas Grandes Lojas da Austrália e Canadá é até tolerável”
Então a Grande Loja da Irlanda adota um discurso um pouco contrário sobre submissão a GLUI.
Segundo eles, há uma total Independência sobre tudo e qualquer coisa relativo a GLUI e a própria Maçonaria em si, independentemente do que for. Um dos exemplos que me demonstraram foi o próprio ritual ser diferente de qualquer outro no mundo – por mais que seja do mesmo nome, o ritual deles é único – e inclusive da GLUI, para justamente, segundo eles, se diferenciar das demais Grandes Lojas e buscar uma “individualidade própria”.
Forte e Sincero Abraço!
Kennyo Ismail – Meu Irmão Rafhael, no discurso, todas as Grandes Lojas são independentes, autônomas, soberanas. E cada uma tem total liberdade de publicar seu póprio ritual. Mas a partir do momento que você somente reconhece aquelas Obediências que a GLUI reconhece, tem-se aí uma submissão. Abraço.
Parabéns Amad.’. Ir.’.!!!!!
Obra de Arq.’. lucida e apropriada para reflexões das LLoj.’. e IIr.’. que ainda insistem em achar que deva existir um “vaticano maç.’.” Os GG.’. OOr.’. que se submetem ao julgo da GLUI, não podem ser chamados de “Potencia”, no máximo, “Obediência”. Lamentavelmente, alguns IIr.’. não entendem o profundo significado de LIBERDADE.
Muito interessante esse esclarecimento!
Será que estão esquecidos os princípios, juramentos, landmarks, etc.?
É de certa forma fácil entrar numa loja regular, subtrair seus ensinamentos, criar outras potências e se achar no direito de, mesmo traindo seus juramentos, sendo declarado sacrílego para com Deus e desonrado para com os homens?