Publicado em

ENTENDENDO O HINO DA MAÇONARIA

Da luz que de si difunde
Sagrada Filosofia
Surgiu no mundo assombrado
A pura Maçonaria

A Idade Média é considerada a “idade das trevas”, os “mil anos de escuridão”, pois a Igreja Católica impedia a evolução da ciência e controlava a educação, promovendo a submissão da razão em nome da fé. Após o fim da Idade Média, tem-se a Idade Moderna, na qual surgiram o Iluminismo e a Maçonaria. A Maçonaria é considerada, junto de outras instituições, a responsável pela difusão do ideal de livre busca da verdade.

Maçons, alerta!  
]
Tendes firmeza  ]     Refrão
Vingais direitos  ]
Da natureza       ]

Os “direitos da natureza” são os direitos naturais, defendidos pelos jusnaturalistas. Trata-se dos direitos considerados próprios do ser humano, independente de época e lugar. Entre esses direitos, destaca-se os direitos a vida, a liberdade, a resistência à opressão, e a busca da felicidade. Esses direitos foram, em outras épocas, tomados do homem através da tirania e do fanatismo. E cada maçom deve defendê-los.

Da razão parto sublime
Sacros cultos merecia
Altos heróis adoraram
A pura Maçonaria

A alegoria da caverna, de Platão, mostra o homem cego e acorrentado pelas amarras da ignorância, e ensina que a descoberta do mundo deve se dar de forma gradativa. O homem ao sair da caverna sofre como um recém-nascido quando do parto, mas ambos ganham um mundo novo. Após os anos de “mundo assombrado”, a humanidade assiste o nascimento da Maçonaria, uma Ordem cujos ritos cultuam a razão, retirando homens da caverna da ignorância e dando-lhes a luz de uma nova vida. Talvez por isso da Maçonaria ser berço de tantos heróis e libertadores.

(Refrão)

Da razão suntuoso Templo
Um grande Rei erigia
Foi então instituída
A pura Maçonaria

O grande Rei erigindo um suntuoso Templo da razão é o Rei Salomão, tido como possuidor de toda a sabedoria. E é da construção de seu templo que alegoricamente foi instituída a Maçonaria, visto ter na lenda dessa construção o terreno fértil para a transmissão de muitos de seus ensinamentos.  

(Refrão)

Nobres inventos não morrem
Vencem do tempo a porfia
Há de séculos afrontar
A pura Maçonaria

“Porfia” significa “disputa”. Apenas as ideias nobres vencem a disputa contra o tempo. A Maçonaria, por sua nobreza de ideais, tem sobrevivido ao passar dos séculos, ao contrário de muitas outras instituições que sucumbiram diante do tempo, sempre implacável.

(Refrão)

Humanos sacros direitos
Que calcara a tirania
Vai ufana restaurando
A pura Maçonaria

“Calcar” significa “pisotear”, “esmagar”, enquanto que “ufana” significa “orgulhosa”, “triunfante”. Em outras palavras, a estrofe diz que: a pura Maçonaria vai triunfante restaurando os sagrados direitos humanos que foram pisoteados pela tirania.

(Refrão)

Da luz depósito augusto
Recatando a hipocrisia
Guarda em si com o zelo santo
A pura Maçonaria

A Maçonaria guarda em si, com o devido cuidado, a luz da razão. Em seu interior, a hipocrisia vai sendo “recatada” (envergonhada), enquanto que a verdade é exaltada. A razão, duas vezes citada no hino, está diretamente ligada à verdade, esta o oposto da hipocrisia, pois não existe razão sem verdade, assim como a verdade só é encontrada com a razão. 

(Refrão)

Cautelosa esconde e nega
À profana gente ímpia
Seus Mistérios majestosos
A pura Maçonaria

A Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não possam alcançá-los.

(Refrão)

Do mundo o Grande Arquiteto
Que o mesmo mundo alumia
Propício, protege e ampara
A pura Maçonaria

E por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.

(Refrão)


COMENTÁRIOS FINAIS:
Questão interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria. Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes, inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.
Há ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I, cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.

CONSULTAS:
GUIMARÃES, José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e Portal “Samaúma”.
RIBEIRO, João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.
RUP, Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.

15 comentários sobre “ENTENDENDO O HINO DA MAÇONARIA

    1. sem palavras o hino da marçonaria é um verdadeiro espetaculo

  1. Muitos maçons deveriam conhecer o real significado deste Hino.Muitos sequer conhecem o hino, menos ainda a interpretação, o que é uma pena porque além de ser musicalmente muito bonito ele é cheio de significados.

  2. um comentário Justo e Perfeito!

  3. muito interessante!

  4. Perfeita interpretacao ,assim como os simbolos nos instiga a aprofundar nos estudos .’..’..
    .

  5. Meus IIr.’. A maçonaria ensina através de símbolos e alegorias, tudo tem significado que nos remete ao conhecimento, cada aprendizado demonstra um degrau na escada de Jacor, galgado sete degraus ou mais é que está apto ao grau de mestre, hoje chega à mestre por tempo, estuprando o mestrado, porisso hoje a maçonaria deixa a desejar.

    1. Quando se fala que a Maçonaria está perdida, há que se considerar que são duas as correntes existentes na Maçonaria. A corrente anglo-saxônica(os ingleses, a Grande Loja Unida da Inglaterra se considera a mão da Maçonaria Universal) que nunca se inclinou para questões políticas, é essencialmente filantrópica e educativa.O Grão-Mestre sempre foi um destacado membro da família real (Duque de Kent, Príncipe de Gales, etc.). Enquanto a corrente Latina, derivada da Maçonaria Francesa, se dedica (ou dedicava)a questões políticas, herdando inclusive o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que não é o lema original da Ordem e não se encontra na corrente anglo-saxônica.Aqui era condição incondicional para ingresso na Maçonaria o compromisso induvidoso com a causa da Independência(muitos candidatos foram recusados porque não ficou bem claro esse posicionamento). Enquanto a Maçonaria Francesa cantava a Revolução Francesa, na Inglaterra foi proibido nas Lojas qualquer comentário sobre a Revolução Francesa e ao mesmo tempo foi lavrado um documento e levado ao Rei, hipotecando à S. M. a fidelidade dos maçons ingleses. Hoje, há uma forte corrente na Maçonaria Brasileira defendendo a exclusiva preocupação com ações filantrópicas e educativas, com muitos e efetivos trabalhos nesse sentido, como acontece, a título de exemplo, em Sorocaba, tendo o Grão-Mestre Laelso Rodrigues (daquela cidade)durante sua gestão insistentemente estimulado as Lojas a desenvolverem ações nesse sentido. Outros entendem que a Ordem poderia liderar movimentos defendendo a bandeira da educação e da moralidade pública, condenando a corrupção e outros males que afligem a Nação. Os grandes problemas políticos do século XIX que tiveram a participação efetiva e fundamental da Ordem, já foram resolvidos (a República, a Abolição da Escravatura, etc.). Também com a desmoralização da classe política, muito teria a perder a Ordem com a existência em suas fileiras de políticos desonestos, interesseiros, que entraram na Ordem ultimamente não para servir, mas para serem servidos, no propósito de angariar os votos dos Irmãos.O debate é este hoje: voltar-se para as questões filantrópicas e sociais, ou colocar-se na vanguarda de questões políticas ? Cada qual tem a sua posição. O Hino é de D. Pedro I, mas o Cônego Januário da Cunha Barbosa também fez um, de que tenho cópia, extraída de um Boletim Oficial do Grande Oriente do Brasil.

  6. Sabias palavras fluidas de uma mente fertil,parabens ir.s.f.u.

  7. Esclarecedor!

  8. a maçonaria tem por sua natureza cobrar e combater a injustiça cometida contra seu povo e sua nação.

  9. Gostei muito do comentário do Irmão Paulo Maurício Guimarães de Andrade!
    Independentemente da opção que deveria ser dada para a finalidade atual da Maçonaria, eu, humildemente, não fico nem com política e nem com filantropia. Para essas duas ações, temos inúmeras opções no mundo profano.
    Para mim, eu fico com sua essência primitiva “tornar o Homem melhor”. Fazendo essa mudança interior, o Homem fará automaticamente, a filantropia e a política, sem esperar nada em troca.
    Um TFA

Deixe um comentário para Fabrício Da Silva Dias Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *