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O DOCUMENTO MAIS ANTIGO DA MAÇONARIA: A CARTA DE BOLONHA

O mais antigo documento comprovadamente maçônico no mundo é conhecido como “Carta de Bolonha” e data de 1248. Seu nome original é “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamilis”. Foi redigido originalmente em latim por um escrivão público, sob ordem do Prefeito de Bolonha, Bonifaci di Cario, no dia 08 de Agosto de 1248. Em seu conteúdo fica claro que essa Maçonaria Operativa Italiana já era tradicional, antiga, contendo sólida estrutura e hierarquia, bem anterior à data de registro da Carta.
Reflitamos: Bolonha fica a pouco mais de 300Km de distância de Roma. Há alguma razão para duvidarmos de que essa antiga Associação de Construtores de Bolonha seja a evolução de uma das principais Guildas Romanas?
A Carta de Bolonha é anterior em 142 anos ao “Poema Regius” (1390), 182 anos ao “Manuscrito de Cooke” (1430), 219 anos ao “Manuscrito de Estrasburgo” reconhecido no Congresso de Ratisbona de 1459 e autorizado pelo Imperador Maximiliano em 1488, e 59 anos ao “Preambolo Veneziano dei Taiapiera” (1307). Todos esses documentos maçônicos antigos não somente comprovam a existência da Maçonaria Operativa e sua evolução histórica, mas principalmente sua evolução social, incluindo a atenção especial de reis e o interesse crescente de intelectuais e nobres.
A Carta possui anexos. Entre eles, conserva-se uma “lista de matrícula” registrada em 1272, que contém 371 nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori), dos quais 2 eram escrivães públicos, outros 2 eram freis e 6 eram nobres. Essa é a prova histórica mais clara de que, em pleno século XIII, a transformação da Maçonaria de Operativa em Especulativa já estava iniciada.
A existência desses e de outros documentos antigos descartam completamente as teorias de que a Maçonaria teria nascido com o fim da Ordem dos Templários ou quando da Revolução Francesa ou mesmo com o Iluminismo. Os documentos comprovam que a Maçonaria é bem anterior ao século XIII e reforçam a teoria da origem egípcia, aprendida pelos judeus quando em cativeiro no Egito, e espalhada ao mundo quando os descendentes desses estavam sob domínio e influência romana, incorporados nas Guildas.
A “Carta de Bolonha” confirma o texto das Constituições de Anderson, 1723, quando Anderson diz tê-las redigido após consultar antigos estatutos e regulamentos da Maçonaria Operativa da Itália, Escócia e Inglaterra. Revisando o texto do “Statuta et ordinamenta societatis magistrorum tapia et lignamiis”, não resta a menor dúvida de que este foi um dos estatutos e regulamentos consultados por Anderson para redigir a Constituição da nossa Maçonaria Especulativa.
O documento anexo à Carta, datado de 1257, informa ainda que foi decidida a separação entre os “Mestres do Muro” e os “Mestres da Madeira”, que até então eram uma única Corporação, mas separados desde antes nos trabalhos das correspondentes Assembléias tendo, porém, os mesmos Chefes. Esse é um fortíssimo indício de quando e como surgiu a Maçonaria Carbonária.
Fica evidente que a Carta de Bolonha é um dos documentos históricos mais importantes da nossa Sublime Instituição, e fica mais do que comprovada a presença dos “Aceitos” na Maçonaria dos “Antigos e Livres” a pelo menos 800 anos atrás.

35 comentários sobre “O DOCUMENTO MAIS ANTIGO DA MAÇONARIA: A CARTA DE BOLONHA

  1. Gostei muito da informação. Deveríamos ter cópia de tal documento no Museu Vulcano, do GOB, em Brasília. Seria de grande valia para dar mais verossimilhança às pesquisas no Brasil. Parabéns pela informação. TVP.

  2. document de grande valeur , qui remet en question certaine théorie à méditer !

  3. Ótima matéria meu Irmão Kennyo. Observo que a grande maioria dos historiadores, escritores e pesquisadores maçônicos, não citam os Estatutos ou Carta de Bolonha como o mais antigo documento maçônico, mais sim o Régius, que como bem esclarece o irmão veio 142 anos depois. A Carta de Bolonha torna quase evidente, que a associação de construtores são descendentes dos Collegia fabrorum. Uma coisa muito interessante é a forma como se organizavam não só para dar um formato legal à Associação, mas também para proteger e manter o ofício tanto no sentido financeiro como no plano ético e moral. Muito bem observado pelo irmão a existência dos Mestres da construção e da carpintaria, e com sua divisão o provável surgimento da Maçonaria Carbonária. O irmão está de parabéns não somente pela matéria mas pelo site como um todo.
    João Luis

  4. muito bom este material.

  5. Muito util

  6. ACHEI MUITO BOM ACHO QUE DEVEMOS ESTUDAR MAIS MAÇONARIA

  7. Boa tarde Ir.’. Kennyo!
    Podemos considerar o livro de Reis como um documento da origem maçônica?
    TFA

    Márcio Martins.’.

    Kennyo Ismail – Com absoluta certeza, não.

  8. É preciso traçar um paralelo entre o Poema Regio e a Carta de Bolonha. Porque sem duvidas são textos maçonicos. Só que tem origens geograficas distantes, mostrando a penetração ou influencia dos antigos mistérios em todo o mundo conhecido. Porque a construçao do evoluido tem varias faces: do filho da luz até o bodtsva. A figura de Numa Pompilio precisa ser resgata na linha de nossos conhecimentos. Estamos em todos os lugares e em todas as civilizações. Hoje procuramos pistas para recompor a grande escola das artes e do pensamento.

  9. Maravilhoso!.. Inportante registro para nao somente a construçao dos fatos por meio desses documentos de epoca e so assim podera chegar sertamente ao norte esperado. Maraviljoso, admiravel, encantador

  10. E O Pergaminho de Kirkwall?

    Kennyo Ismail – Meu Irmão Leonardo, conforme Robert Cooper, trata-se de um pergaminho da segunda metade do século XVIII. Ou seja, praticamente meio milênio depois da Carta de Bolonha.

  11. Ir .’. Kennyo, não há uma contradição com esse texto http://www.www.noesquadro.com.br/2015/06/constituicao-de-anderson-nos-dias-atuais.html ?

    Kennyo Ismail – Entendo que não, já que ambos somente têm valor histórico para nós.

  12. Tenho um diploma de grão mestre de um tio do início do século passado, o que posso fazer com isso ?

    Kennyo Ismail – Recomendo a doação do mesmo ao acervo da Obediência da qual seu tio teria sido Grã-Mestre.

  13. SFU
    Muitas duvidas mano.

    A Carta possui anexos. Entre eles, conserva-se uma “lista de matrícula” registrada em 1272, que contém 371 nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori).(Kennyo Ismail)

    Até o princípio do século XVIII somente havia os graus de Aprendiz e Companheiro. Inclusive, na primeira edição da Constituição de Anderson só há menção aos dois primeiros graus.(Kennyo Ismail)

    TFA

    Márcio Martins.’.

    Kennyo Ismail – Meu Irmão Márcio, muito bem observado. Excelente questão. A Carta de Bolonha se refere a um período da Maçonaria Operativa anterior ao surgimento do que conhecemos por Lojas. Christopher Hodapp fala um pouco disso em sua obra. Uma criança a partir dos 12 anos poderia servir um Mestre Pedreiro. Seria o filho desse Mestre Pedreiro ou era praticamente entregue pelos pais e adotado por esse Mestre. Após 03 anos servindo-o e aprendendo o básico, lhe era permitido ser realmente iniciado nos mistérios do ofício. E, após a iniciação, somente após mais quatro anos de trabalho, dominando todo o conhecimento do Ofício com seu Mestre, ele poderia ser considerado um Companheiro de Ofício. No entanto, ele somente se tornaria um Mestre após a morte de seu Mestre ou quando seu Mestre o libertasse de suas obrigações, permitindo-lhe viajar e adotar seu próprio Aprendiz. Só havia um Mestre se houvesse um Aprendiz. Veja que, nesse sentido, Mestre não era uma fase de aprendizado, um grau, um conhecimento adicional, e sim apenas o status daquele Companheiro que possui um Aprendiz.
    Mesmo após o surgimento das Lojas, nessa fase incubadora da Maçonaria Especulativa, isso pouco mudou. Ainda no início do século XVIII, as Lojas possuíam apenas dois graus, de Aprendiz e Companheiro, e entre os Companheiros era eleito aquele que serviria como Mestre da Loja. Geralmente um irmão mais experiente no ofício, capaz de ensinar os Aprendizes. Ou seja, o Mestre ainda era o Companheiro que ensinava Aprendiz, sem um conhecimento adicional. A partir da década de 30 do século XVIII que o Mestre surge, não como um cargo ou obrigação, mas como um grau. TFA.

    1. Excelentes informações, que deveriam ser do conhecimento de todo maçom. Todo meu respeito Ir:. Kennyo.
      Como presidente do Pacto Maçônico do Centro Oeste de Minas, quero parabeniza-lo.

    2. Só acrescentando um pequeno ponto, ao já bastante esclarecedor texto acima:
      As lojas eram compostas de pedreiros comuns (trabalhadores na construção tipo mão de obra não qualificada), de pedreiros iniciados que muito provavelmente foram escolhidos para iniciar na Arte por seus valores pessoais e este sim seria o aprendiz que, após considerado apto passado e o tempo necessario, seria equiparado, equalizado a todos os obreiros plenos e assim chamado de Companheiro, Companheiro de ofício. E assim todos eram Companheiros.

      Porém, um entre todos, que um dia fora e, por por direito continuava sendo Companheiro, era o Lider, o responsável, o porta voz , O MESTRE daquela Loja em particular, era este que assinava contrato, que era o responsável pelo trato feito, pelo acordado com aqueles que desejavam uma obra executada por aquela loja especificamente.

      Note-se os estatutos antigos encontrados, apontavam, inclusive para a obrigação dos outros mestres da região, ou daquel Companheiro que substituisse o Mestre da loja, terminar, sem cobrança adicional, uma obra iniciada por outro mestre e não terminada seja por que motivo fosse ( morte, falta de palavra, quebra de trato, etc..).

      Este Mestre tinha ajudantes capazes que vigiavam os trabalhos, principalmente em grandes construções, nos diferentes canteiros, eram os Companheiros Vigilantes….

      Os casos especiais eram resovidos em reunião de Companheiros do Oficio…

  14. Excelente informação. Infelizmente somos um pouco bitolados. Por comodismo, preguiça, as vezes por falta de motivação, provocação, etc. Particularmente, acho que a Maçonaria não começa quando é divulga as vezes categoricamente por alguns escritores. Esse é meu entender a respeito do assunto.

  15. Parabens sem duvida e uma grande instrução pena que não tão debatida nos tempos de hoje em loja eu mesmo não tinha visto nem uma menção desta descoberta tão antiga em loja parece que estamos tão interessados em suprimir a maçonaria operativa que não mais falamos dela mais vem um carta desta e nos coloca tão entrelaçados com operativa muito bom mesmo parabéns ir.’. Kennyo

  16. Incrível! !!

  17. Como e impressionante a forma como a maçonaria foi se misturando e reinventando !!
    Bela obra !!!

  18. Ir.: Kenio
    Essa foi a instrução maçônica que recebi carregada de informações que me são preciosas pois eu não as conhecia.
    Quando tiveres esse tipo de informação, pode passar-me pois é muito melhor do que corre pela internet sem objetivo.
    Maçonicamente
    Salvador Alcaro Neto
    Esse comentário não é repetido e nunca me dirigi ao Ir.: é a primeira vez.

  19. Muito esclarecedora esta publicação.

  20. Importante e interessante publicação. Pena não termos, no GOB, cópia de tal documento. Vou postar no grupo da minha Loja, a Otávio Kelly, nr. 1063, do Oriente de BH, para que os demais Irmãos tomem conhecimento.TFA.

  21. Matéria interessantíssima!
    A carta de Bolonha é de fato muito importante para toda a ordem.
    Parabéns pela pesquisa.

  22. Muito importante este documento.Acho que deveria ser divulgado com mais amplitude para todas as Grandes Lojas e Lojas Jurisdicionadas.

  23. Interessante a matéria, concordo que toda loja deveria ter uma cópia desse importante documento para título de esclarecimento em pesquisas. Um TFA. ‘ .

  24. É muito interessante ver uma materia dessas publicada e sem o conhecimento total da maioria dos irmãos. Seria intetessante a abertura de um debate para o maior esclarecimento de todos nós.

  25. Por favor poderia postar as referências bibliográficas de seu artigo? Obrigado.

    Kennyo Ismail – BONVICINI, E. Massoneria antica: Dalla “Carta di Bologna” del 1248 agli “Antichi doveri” del 1723. Editrice Atanor, 1990.

  26. Parabéns meu irmão Kennyo, suas pesquisas são, indubitavelmente de grande valia para os desbravadores nos assuntos da nossa Sublime Ordem. Vital. Loja Maçônica Lauro Sodré n 7. Gama. DF.

  27. Prezado Ir. Kennyo Ismail.

    Sempre leio seus artigos postados em seu blog. Tenho elevada estima e admiração pelo seu trabalho.
    Brevemente serei seu aluno na pós graduação em Maçonologia – UNINTER (2º turma).
    Gostaria que fizesse uma orientação sobre um livro em que eu possa buscar informações e conhecimentos sobre o R.E.A.A.

    Agradeço. TFA

    Kennyo Ismail – Meu Ir. Antonio Juliano, livros aqui no Brasil sobre o REAA, recomendo o “+ Fios da Meada”, volumes 1 e 2, que você encontra no website artedaleitura.com e o clássico “Moral e Dogma”, traduzido e dividido em livretos (muito caros) pela editora Yod, editorayod.com.br

  28. Parabéns aos ir. Maçons do Brasil e do mundo pela mensagem e cultura da máconaria. Que se espalhe aos quatro cantos do mundo o exemplo da ordem ao bem da comunidade e sociedade mundial. A máconaria e parte do mundo e da sua história. Deus acima de todos.

  29. Simplesmente maravilhoso essa instruções Maçônica fora da minha loja. Obrigado meu estimado irmao.

  30. Magnífica essa instrução. É visceral que conheçamos bem a nossa história para melhor praticarmos nosso Ofício. Parabéns AmIr:. Kennyo.

  31. Achei um pouco temerário a idéia de associação da maçonaria com romanos e egípcios. Tenho por mote a orientação oficial e não achismos tendenciosos.

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