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OS LAÇOS INDISSOLÚVEIS ENTRE O RITO DE YORK E A ORDEM DeMOLAY

Texto de autoria de Kennyo Ismail, originalmente publicado no blog Soberanos Ideais.

york-demolayA estrita relação entre o Rito de York e o surgimento da Ordem DeMolay é amplamente conhecida no meio maçônico norte-americano e de outros países, mas ainda pouco difundido no Brasil. Isso provavelmente se deve ao fato da Ordem DeMolay ter aterrissado em terras brasileiras por intermédio do Rito Escocês, mais especificamente do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, no início da década de 80, época essa em que o Rito de York, apesar de maior e mais antigo, ainda não havia sido implementado no país.

Bom, não há como falar em surgimento da Ordem DeMolay sem falar sobre Frank Sherman Land, idealista e fundador da Ordem. Ele ingressou na Maçonaria em maio de 1912, chegando ao grau de Mestre Maçom no mês seguinte (algo comum nos EUA), na Loja “Ivanhoe #446” de Kansas City, jurisdicionada à Grande Loja do Missouri. Sua Loja, assim como todas do Missouri e da maioria dos estados dos EUA, adotava (e ainda adota) o Rito de York. E, ao se tornar um Mestre, seu primeiro interesse além da Loja Maçônica foi logicamente pelo Rito de York. Menos de um mês depois de se tornar Mestre, em 23 de julho de 1912, Frank S. Land ingressou em um Capítulo do Real Arco, o Capítulo “Kansas City #28”, que funcionava em sua Loja, sendo adiantado a Mestre de Marca. Em outubro do mesmo ano foi induzido ao grau de Past Master Virtual e recebido e reconhecido como Mui Excelente Mestre. E no final do mesmo mês, foi exaltado a Maçom do Real Arco. Em seguida, foi a vez de galgar os graus crípticos no Conselho Críptico “Shekinah #24”. Já no final do ano de 1912, já como um maçom críptico, Dad Land ingressou no Rito Escocês Antigo e Aceito. E posteriormente, em 1913, Dad Land foi investido nas Ordens de Cavalaria do Rito de York, por meio da Comanderia “Kansas City #10”, que também trabalhava em sua Loja.

Como se pode ver, nos primeiros meses de Maçonaria Frank Sherman Land, nosso Dad Land, dedicou-se ao Rito de York e seus profundos ensinamentos. E ele manteve-se filiado e frequente a esses corpos até quando de seu falecimento. Como exemplo, em 1944, apesar de sua dedicação à Ordem DeMolay tomar muito de seu tempo, Dad Land foi um dos fundadores do Conselho Críptico “Kansas City #45”, formado majoritariamente por membros de sua Loja Simbólica e Capítulo do Real Arco, para funcionar na sede de sua Loja.

Seu ingresso no Shriners ocorreu em 1931, chegando ao posto mais alto, de Potentado Imperial, em 1954. Como líder maior do Shriners International, Dad Land pôde fazer ainda mais pela Ordem DeMolay, que alcançou naquela época o ápice de membros iniciados. E, em 1951, Dad Land foi condecorado com a Medalha de Ouro do Real Arco Internacional, a maior honraria concedida por esse corpo. Por sinal, Dad Land, foi o primeiro e um dos pouquíssimos a recebe-la.

Como sabemos, Dad Land fundou a Ordem DeMolay em março de 1919. No verão daquele ano, ele convenceu o maçom Frank Marshall de ajuda-lo a elaborar um ritual para seu clube de jovens. O ritual, ou melhor, rituais dos dois graus originais da Ordem, foram desenvolvidos em tempo recorde: menos de 24 horas. Isso somente foi possível por uma única razão: eles utilizaram a estrutura de outro ritual como padrão: o dos graus simbólicos do Rito de York! Isso se mostrou conveniente, considerando que a intenção era de que os futuros Capítulos DeMolays funcionassem nas Salas de Lojas (Templos, como chamam no Brasil) das Lojas Simbólicas dos Estados Unidos. Como essas Lojas tinham uma disposição específica, era melhor se adaptar a ela.

Essa estrutura do Rito de York, felizmente adotada por Land e Marshall, estão presentes até os dias de hoje, sem alterações, e evidenciam a união indissolúvel entre a Ordem DeMolay e o Rito de York. Desde a existência de Capelão e Marechal (este último chamado de Mestre de Cerimônias no Brasil por influência do REAA), cargos inexistentes no REAA; o bastão curto do Marechal; o Segundo Diácono atendendo a porta; o altar no centro da Sala (originalmente no REAA ele fica no Oriente); o andar em esquadria; o momento Em Doença e Aflição; até mesmo a sagrada e intransponível linha entre o Altar e o Mestre Conselheiro; todas essas e tantas outras são características emprestadas pelo Rito de York.

Outras características, como a reunião já se iniciar com todos na Sala, sem procissão de entrada; e a palavra circular livremente, sem uma ordem específica; tão normais e conhecidas por qualquer maçom do Rito de York, foram vistas como “estranhas” aos maçons brasileiros quando da chegada da Ordem DeMolay. O resultado foi a modificação de várias partes do ritual até então inalterado da Ordem DeMolay para uso no Brasil. Essas adulterações têm sido retiradas pelo Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil nos últimos anos, numa honrada tentativa de se retornar ao original.

Agora, algo pouco mencionado é a resistência que Dad Land sofreu quando da criação da Ordem DeMolay. Se no Brasil, durante as décadas de 80 e 90 (para não dizer que ainda ocorrem atualmente), muitas foram as dificuldades para convencer os maçons de permitirem garotos utilizarem seus “templos”, imagine como foi lá nos idos da década de 20… Não havia nada comparável na época. Foi preciso que Dad Land conseguisse o apoio e endosso de organizações maçônicas de peso. E a primeira a atender esse importante chamado foi o Real Arco Internacional, seguido pelo Grande Acampamento de Cavaleiros Templários: as duas maiores organizações internacionais do Rito de York.

Assim, vê-se claramente que não existiria Ordem DeMolay sem Rito de York. E hoje, considerando que muitos dos principais líderes do Rito de York são Seniores DeMolays (tanto lá nos EUA como aqui no Brasil), podemos afirmar, sem medo de errar, que não existiria Rito de York sem Ordem DeMolay! Ainda, como Dad Land disse, o que diferencia a Ordem DeMolay de qualquer outra organização juvenil é que… “ela tem um ritual”! E o cerne desse ritual está no Rito de York. É por essas razões e tantas outras que, neste mês de março de 2016, em que comemoramos os 97 anos da Ordem DeMolay, oro: Que Deus abençoe o Rito de York e a causa da Ordem DeMolay!

8 comentários sobre “OS LAÇOS INDISSOLÚVEIS ENTRE O RITO DE YORK E A ORDEM DeMOLAY

  1. Ao tempo em que o parabenizo, meu Mestre, agradecemos o empenho e dedicação em prol de nossa Ordem Maçônica em geral, nosso Rito de York em particular, bem como a causa DeMolay!!!

  2. Excelente e emocionante, como sempre foi!
    Um fraternal e duplo abraço, Companheiro.

  3. Belo texto! Com certeza iremos trazer vários DeMolay’s para o York. Como já disse em minha loja, fica fácil para o DeMolay trabalhar no York

  4. Parabéns meu Irmão. Sou aprendiz e minha oficina é do Rito de York. O texto me deixou estimulado a estudar e conhecer mais sobre o rito. Sou também DeMolay e seu artigo é importante para todos nós que buscamos o conhecimento. T.F.A.

  5. Sou da MAAT, loja que trabalhar no ritual de emulação e nosso rito é o York, parabéns gostei muito da sua colocação.

    Kennyo Ismail – Ritual de Emulação não é Rito de York.

  6. Sou membro do CAPITULO Construtores da Irmandade Nº077,parabeniso o IM pelo brilhante trabalho OS LAÇOS INDISSOLUVES ENTRE O RITO DE YORK E A ORDEM DeMOLAY.

    Kennyo Ismail – Obrigado, companheiro Dorval.

  7. Meu Caro Irmão Kennyo, como sempre otimo post… apresentarei o seu trabalho em loja, pois como trabalhamos em york e temos vários seniors demolays, acredito que será de muita valia para todos obreiros… Espero reencontra-lo em breve no Encontro Nacional do Rito de York, para difundirmos ainda mais nosso rito e a forma com que ele acolhe todos seus praticantes..

    Um fraternal abraço

  8. Parabéns, Ir.: Kennyo pelo trabalho. Sou Sênior Demolay e aprendiz do Rito Schröder. Logo após minha iniciação estranhei muito o Rito, mas com o seu texto pude perceber o por que, e abrir minha cabeça para novos ritos.
    Obrigado.
    Um T.:F.:A.:

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