A porta é estreita. Deixam-me abrir os olhos
O espaço é pouco, o lugar quente e úmido
O breu é abalado pela chama duma vela
Estou trancado num lugar em luto.
Luto de quem? Eu me pergunto
Enquanto olho à mesa em minha frente
Então me deparo com uma resposta
O espaço é pouco, o lugar quente e úmido
O breu é abalado pela chama duma vela
Estou trancado num lugar em luto.
Luto de quem? Eu me pergunto
Enquanto olho à mesa em minha frente
Então me deparo com uma resposta
Não prevista em minha mente.
Um testamento ali me aguardava
E eu não era o beneficiário, era o testador
Pronto para registrar minhas últimas palavras
E morrer para esta vida. Uma morte sem dor.
Respirei fundo e observei melhor a mesa
E nela um crânio humano repousava.
Indaguei: Quem seria ele?
O que ele fez durante sua jornada?
Então compreendi que aquele tivera
O mesmo fim para o qual fui eleito
Amanhã outros questionarão quem fui
E quais foram nessa vida os meus feitos.
Tudo era uma questão de tempo
Tempo esse tênue como o ar
Ou como a areia nesta ampulheta
Que não pára de escoar…
E apesar da escuridão das paredes
Ali estava clara a minha missão
VITRIOL me mostraria
Que aquela não era uma morte em vão.
Eu estava simbolicamente morrendo
Para visitar o meu Eu Interior, tão sombrio
E ali desbastar minhas arestas, retificar-me
Para então renascer mais polido.
Kennyo Ismail
Belíssima poesia. Diz tudo em poucas palavras.
Poucos são aqueles que conseguem entender o significado do VITRIOL.
Parabéns, Kennyo Ismael