Os altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA são administrados por um Supremo Conselho, podendo haver apenas um Supremo Conselho do REAA reconhecido internacionalmente por país, com exceção dos Estados Unidos, que convencionou-se, desde as primeiras conferências mundiais de Supremos Conselhos, o reconhecimento de seus dois Supremos Conselhos, Jurisdição Sul e Norte, já que não competem em território/jurisdição, coexistindo e reconhecendo um ao outro. O da Jurisdição Sul é o primeiro do mundo e o maior, abrangendo 35 estados dos EUA, enquanto o da Jurisdição Norte abrange os outros 15, que ficam ao leste do Rio Mississipi e ao norte do Rio Ohio (daí sua delimitação e nomenclatura).
Enquanto o Supremo Conselho da Jurisdição Sul tanto se orgulha do mais célebre membro e dirigente em sua história, Albert Pike; o da Jurisdição Norte se orgulha exatamente do contrário: de seus graus terem sido preservados, não tendo sofrido as modificações implementadas por Pike e aquelas consequentes dessas. E, apesar de eternamente condenado a ser menor que o “irmão mais velho”, o Supremo Conselho do Norte também se orgulha de ter em sua jurisdição importantes estados maçônicos, como New York, Pensilvânia, Indiana, Illinois e Massachusetts.
Recentemente, um novo Soberano Grande Comendador (presidente), o Irmão David Glattly, assumiu a gestão do Supremo Conselho da Jurisdição Norte e tem implementado uma série de inovações que têm agradado seus membros. Desde um novo website, oferecendo uma série de recursos e uma área de acesso restrito a membros, informatizando muitos processos e permitindo facilidade no acesso a informações; até um novo programa educacional maçônico: a Academia dos Altos Graus.
Composto por três níveis, o programa online, restrito aos membros investidos no grau 32, foca na aprendizagem do conteúdo dos graus 04 ao 32 do REAA, versão da Jurisdição Norte.
No primeiro nível, o conteúdo simbólico e filosófico desses 29 graus é aprofundado e o aluno precisa alcançar média ao responder uma série de questões de múltipla escolha. Pode-se repetir o teste até passar, mas as questões são randomizadas, ou seja, não serão as mesmas.
No segundo nível, com orientação de membros de um conselho consultivo, o aluno deverá escolher 09 graus dentre o 4º e o 32º para se aprofundar e escrever ensaios teóricos sobre cada um dos escolhidos.
Então, no terceiro e último nível, o aluno desenvolve, com o apoio de um orientador, um artigo acadêmico, com não menos do que 2.500 palavras, sobre tema de sua escolha, desde que relacionado com o REAA. Os trabalhos aprovados serão publicados em um anuário do Supremo Conselho (algo similar ao Heredom, do Supremo Conselho da Jurisdição Sul) ou na revista do Supremo, a “Nothern Light” (similar à “Pumbline”, também da Jurisdição Sul).
Os alunos recebem um certificado ao final de cada nível e, ao serem aprovados em todos os níveis, é concedido aos mesmos uma comenda da Academia dos Altos Graus. O programa conta ainda com leituras complementares e recomendadas. Enfim, como um típico curso de extensão ou curso de educação corporativa.
Por que estou contando isso? Porque esse tipo de programa é uma realidade há décadas na Maçonaria de países como Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, e até mesmo Cuba e Costa Rica. E, apesar de tardiamente, a maçonaria brasileira tem se despertado para a educação maçônica. Eventos como o recente Congresso Internacional de Ciência & Maçonaria e publicações acadêmicas como a Revista Ciência & Maçonaria tem surgido; assim como cursos de pós-graduação, como o de História da Maçonaria da UnyLeya e o de Maçonologia da Uninter, ou os de educação corporativa como os da Escola No Esquadro; e, aos poucos, uma nova literatura maçônica brasileira, forjada com mais referências e rigor, vai se desenvolvendo.
Entretanto, nesse período de transformação, é comum que alguns membros brasileiros se assustem com tais inovações, rechaçando-as, acusando-as de estarem desfigurando a Maçonaria. É mister observar que a evolução na educação maçônica em nada modifica a Ordem Maçônica em si, seus ritos, rituais, graus e práticas. Pelo contrário, proporcionar novas e mais eficientes formas de se estudar a Maçonaria em todos os seus diferentes aspectos (história, filosofia, linguística, etc.) é a melhor forma de garantir que suas formas, além de preservadas, sejam compreendidas, enquanto que a ignorância e a prática vazia são os alicerces das modificações sofridas e a sofrer.
Que a maçonaria brasileira possa se motivar ainda mais nesse sentido, com mais esse exemplo vindo de nossos irmãos do Norte (e nesse caso, da Jurisdição Norte da América do Norte). #ficaadica
Interessante observar essa revolução nos ensinamentos da Nobre Arte, em nossos meios. Na matéria fiquei mais interessado no porque dos 2 supremos conselhos no mesmo país, mas isso são outros detalhes. Imagino que os que são contra essas formas de partilha de conhecimento, advém dos mesmo IIr que professam os mesmos erros perpetuados em meio a historia (efeito papagaio) “erros de tradução, de ritualistica, invenções, pais da criança, e outras aberrações do conhecimento maçônico só podem ser extirpados, mediante constante pesquisa acadêmica”.
Excelente artigo, Irmão Kennyo Ismail. Estou fazendo a pós da UNINTER e estou podendo aprender bastante sobre a história da Maçonaria. Tenho certeza que isso em muito me agregará na jornada Maçônica. Agradeço toda tua contribuição e envio o meu Tríplice Fraternal Abraço!
Faço minhas as Palavras do Ir:. Luciano Galina de Medeiros, e para quem achava que mesmo sendo um estudo EAD, não teria seu grau de importância, esta revendo os conceitos, pois da mesma forma estou fazendo a Pos da Uninter, e através das video-aulas estou ampliando os meus conhecimentos, alem claro de fechar com chave de ouro Ler o seu Livro e dos demais autores. Parabéns por abordar esse assunto Ir:. Kennyo
Eu tmb fazendo a pós graduação da Uninter em Maçonologia e estou gostando muito. A busca pelo conhecimento deve ser constante. TFA
Depois vale um artigo sobre o sistema de estudos do supremo jurisdição sul.
Estou fazendo a pós graduação da Uninter em Maçonologia. O curso é de alto nível. Estou esperando que o ambiente abra os fóruns e os chats, para podermos abrir um grande debate entre Aluno X professor/aluno X aluno.
Tenho o grau 33 do REAA e por esse motivo preciso estudar muito.
Vejo uma dificuldade no enquadramento sociológico da Maçonaria no Mundo moderno.
Algo até um pouco grave, do tipo: ” Eu sei quem fui , mas agora não sei quem sou”.
Não chega a ser uma demência senil , mas algo próprio de uma busca de uma nova caracterização ou dificuldade de se conceituar como algo contemporâneo. Talvez uma interpretação mais verdadeira de nossa história nos posicione, mas temos dificuldade em saber qual história realmente é verdadeira.