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Biblioteca Pública… Maçônica!

Em 1920, a maçonaria brasileira mantinha, pelo menos, 22 bibliotecas públicas. Essas bibliotecas desapareceram após a Era Vargas, que tratou de perseguir a Maçonaria pelas razões expostas no artigo “Quando o Grande Oriente do Brasil era socialista”.

Ainda após a Era Vargas, a Maçonaria brasileira se dedicou às questões internas (sim, ao umbigo), a cisões e eleições (não necessariamente nessa mesma ordem), e a sobrevivência durante a Ditadura Militar. Ninguém se lembrou das bibliotecas.

Em outros países, bibliotecas públicas maçônicas são uma realidade secular e servem de vitrine e prestação de serviço perante a sociedade daquele famoso compromisso maçônico de busca da verdade. Em Washington, DC, capital dos Estados Unidos, a biblioteca pública mais antiga da cidade é maçônica, e isso se repete em inúmeras localidades daquele país, onde Maçonaria é sinônimo de caridade + conhecimento.

Essa dedicação maçônica ao repositório e disponibilidade de conhecimento, proporcionando ferramenta útil ao estudo e à pesquisa, não é estritamente anglo-saxônica: a Biblioteca do Grande Oriente da França, fundada em 1838 e, desde então, pública, recebe milhares de visitantes por ano, sendo que mais de um terço não são maçons, mas estudantes e pesquisadores.

Só para esclarecer, estamos falando de biblioteca pública, com livre acesso aos chamados “profanos” desejosos de pesquisar algum aspecto da ordem maçônica ou mesmo conhece-la um pouco melhor. Algo totalmente diferente de bibliotecas restritas a maçons, ou mesmo as “pseudopúblicas”, cujo acesso é dificultado a não maçons que, quando ousam vencer essas barreiras, deparam-se com um acervo cuja maioria das obras é restrita, sobrando apenas um pouco mais de uma dúzia de obras “acessíveis”.

Temos no Brasil dezenas de Grandes Bibliotecários e seus Adjuntos, cuja missão, obviamente, é uma biblioteca. O sujeito sem o objeto é tão estranho quanto imaginar um Venerável Mestre sem Loja. Pelo menos, deveria ser. Mesmo assim, até mesmo as bibliotecas restritas a maçons ainda são pouquíssimas no país, como pudemos ver no artigo “Porque a Maçonaria Brasileira está perdida”. Isso precisa mudar.

E parece que já está mudando. No último dia 11 de setembro, a Grande Loja Maçônica do Distrito Federal – GLMDF, inaugurou a “Biblioteca do Aprendiz”, que está aberta a todos os interessados, maçons ou não. Com um acervo de mais de 2 mil obras, entre livros, revistas e objetos estritamente maçônicos, num espaço reformado e decorado especificamente para seu funcionamento, os frequentadores da biblioteca têm acesso a obras antigas e atuais, brasileiras e do exterior, e podem realizar seus estudos e leituras em mesas individuais, numa área climatizada, cujo teto está pintado com uma belíssima abóbada celeste, contendo gravações de símbolos maçônicos, sobre um piso em pavimento mosaico com orla dentada.

Em expositores, vê-se as primeiras edições das principais revistas maçônicas do século passado; os últimos tratados de reconhecimento assinados pela GLMDF; uma coleção completa das edições históricas da Astréa, revista do Supremo Conselho do Grau 33, de janeiro de 1927 a dezembro de 1930, que narram o processo que deu origem às Grandes Lojas brasileiras; uma linha do tempo dos rituais dos graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito, desde a primeira edição de Mário Behring, de 1928, até os dias atuais; as antigas constituições das primeiras Grandes Lojas e o primeiro Boletim emitido pela CMSB; uma coleção de selos maçônicos emitidos pela ECT; e exemplares de livros de autores renomados dedicados aos frequentadores da biblioteca.

Ao que tudo indica, o trabalho está apenas começando, o que incluirá a aquisição constante de novas obras, incluindo raras, a digitalização de publicações e documentos históricos e o desenvolvimento da Biblioteca Virtual do Aprendiz.

Parabéns a todos os envolvidos, desde Aprendizes, que realizaram eventos para angariar fundos para o projeto, até a Alta Administração, em especial ao Grão-Mestre, por abraçar essa importante causa. Eu não poderia esperar algo diferente de um Grão-Mestre jovem, Senior DeMolay e filho de professora.

Aos interessados em doar obras maçônicas para o acervo da biblioteca, podem enviá-las para:

BIBLIOTECA DO APRENDIZ

GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO DISTRITO FEDERAL

SGAN 909, MÓDULO B, ASA NORTE.

CEP: 70790-090

BRASÍLIA – DF

2 comentários sobre “Biblioteca Pública… Maçônica!

  1. Saudações fraternais…
    É pública a biblioteca e os rituais serão de acesso ao público não maçom também?

    Kennyo Ismail – A biblioteca é composta de livros, revistas, periódicos, DVDs, legislações e anais de eventos maçônicos. Não há rituais disponíveis na biblioteca para consulta.

    1. Obrigado pelo esclarecimento

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