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LOWTON… OU LEWIS???

Todo maçom brasileiro já ouviu falar do termo “lowton”, apesar da maioria nunca ter visto um e nem mesmo saber o significado da palavra “lowton”. Isso porque a “adoção de lowtons” se tornou algo muito raro na Maçonaria brasileira.

Lowton é o filho de maçom que é “adotado” pela Loja Maçônica de seu pai, a qual se responsabiliza em colaborar para sua formação moral, intelectual e espiritual, em especial no caso de falecimento de seu pai. A legislação maçônica de algumas Obediências, além de permitir que as Lojas de sua jurisdição adotem lowtons, permitem ainda que o lowton seja isento da taxa de iniciação, ou até mesmo que possa ser iniciado na Maçonaria antes de completar a idade de 21 anos.
Uso de lewis na Suíca, 1420.

O nome “lowton” seria uma derivação da palavra francesa “louveteau”, modo como os maçons franceses chamam seus filhos, e que significa “lobinho”.Já no caso da Maçonaria de língua inglesa, o termo utilizado está explicitamente ligado à Maçonaria Operativa: Lewis. Trata-se de uma ferramenta muito útil para se erguer e movimentar pedras pesadas através do encaixe de uma argola em um feixe na pedra, que é usada para amarrar uma corda ou corrente que eleva a pedra por meio de um sistema de alavancagem.

Há muitas antigas instruções inglesas, escritas no costumeiro formato de perguntas e respostas, que contém:
P – “Como nós chamamos o filho de um maçom?”
R – “Um lewis.”
Ainda na Maçonaria Inglesa, conforme observou Dr. Oliver, é dado ao uso do nome um significado: assim como a lewis sustenta pesadas pedras, facilitando o trabalho de um maçom, um lewis (filho de maçom) deve estar preparado para apoiar seu pai quando de sua velhice, para que este não sinta tanto o peso da idade.
Um dos mitos existentes acerca de lewis (ou lowton), e que muitos escritores maçons querem crer, é de que George Washington era um lewis, e por isso teria sido iniciado com apenas 20 anos de idade. Trata-se de uma dedução baseada numa premissa furada, ou seja, uma falácia, tendo por base única e exclusivamente a seguinte dedução indevida: se um lewis/lowton pode iniciar na Maçonaria antes dos 21 anos de idade, logo, todos aqueles que iniciaram antes dos 21 anos eram lewis/lowtons. Faltou a tais teóricos a pesquisa dos fatos, talvez por ser atividade um pouco mais trabalhosa: a Loja em que Washington foi iniciado, Loja “Fredericksburg”, na cidade de Fredericksburg, ainda era uma Loja “independente” quando de sua iniciação, ou seja, trabalhava sem Carta Constitutiva, sem estar submetida à legislação de qualquer Grande Loja, o que lhe permitia iniciar qualquer candidato sem algum requisito exigido por aquelas a quem a Loja não estava subordinada.
Outro mito sobre o assunto existente na literatura maçônica é quererem justificar o termo “lowton” com o papel sagrado do lobo nos antigos mistérios do Egito. Sinceramente, parece que alguns maçons têm vergonha de nossa herança operativa, sempre buscando em cada palavra laços históricos com egípcios ou templários. Ao contrário dessa teoria absurda, o motivo é mais simples do que parece: assim como nós brasileiros chamamos a ferramenta de suspender o carro de “macaco”, os franceses chamavam antigamente a ferramenta conhecida em inglês por “lewis” pela palavra francesa “louve”, que significa “lobo”.  Isso significa que o termo “lowton” é oriundo da mesma ferramenta de construção, lewis, o que mostra como a simbologia maçônica é realmente universal, apesar de muitas vezes seus significados  se perderem nas brumas do tempo e da má literatura.

Aos Mestres Maçons desejosos de conhecer um pouco mais do lewis no contexto maçônico, essa antiga ferramenta está presente no grau de Mui Excelente Mestre do sistema americano do Real Arco.

4 comentários sobre “LOWTON… OU LEWIS???

  1. Interessante, eu já conhecia essa palavra mas não sabia o significado. Em Campo Grande/MS, a Maçonaria criou a FUNLEC (Fundação Lowtons de Educação e Cultura).

  2. Muito interessante. Principalmente a co-ligação com o grau MEM sobre o qual solicito se puder indicar mais referências para estudo. Quanto ao Lowton parece, à primeira vista, de uma daquelas palavras centenárias que ninguém nunca viu na prática. Eu, mesmo, só vi em uma Oficina em que visitei recentemente a adoção de 2 lowtons. Não podemos confundir Lowtons com "apadrinhados".

  3. A Palavra Lewis denota força, e no “Tracing Board” é representada por certas peças de metal entalhadas dentro de uma pedra, formando um engate, e quando em combinação com alguma das forças mecânicas, tal como um sistema de polias, habilita o Maçom operativo a levantar grandes pesos a certas alturas, com pequeno esforço e fixá-los nas suas apropriadas bases.

    Lewis também significa o filho de um Maçom; seu dever para com os seus pais é suportar o calor e a carga diária, de que seus pais, em razão da idade, desejariam estar isentos, auxiliá-los em épocas de necessidade e dessa forma tornar felizes e confortáveis o final dos seus dias; o seu privilégio por assim proceder é o de ser feito Maçom antes de qualquer outra pessoa, por mais digna que seja.

    Lewis – Palavra inglesa que indica uma cunha expansível de pedreiro, ou seja, uma união de ferro feita de diversas partes em formato de rabo de andorinha e projetada para se ajustar em um encaixe do mesmo formato feito em uma grande pedra de modo que ela possa ser elevada por um aparato de levantamento (guindaste).

    Desse modo, podemos concluir que uma das principais expectativas dos maçons é que os seus filhos sejam preparados para a vida dentro de uma ética e de um espírito de amor ao próximo que pudesse forjá-los como “Lewis” ou seja pessoas capazes de suportar as cargas muito pesadas e cujo teste efetivo e mais realista é a aplicação dessa capacidade nos seus próprios pais.

    A mim parece um grande desafio que somente um maçom bem formado está apto a compreender, preparar-se e praticar. E para a a Instituição pessoas que já praticam essa virtude quando de uma oportunidade de iniciar na ordem, seriam iniciados preferencialmente. Ou seja a maçonaria atribui grande valor a esse aspecto da formação de um maçom, possivelmente abominando aqueles que assim não procedem, falhando em ser de fato um “Lewis”.

    Por outro lado, a prioridade de iniciar um “Lewis” não está necessariamente associada com a sua idade no momento da iniciação e sim com a condição de ser filho de maçom, sendo que tal condição implica em reconhecer “a priori” a sua boa formação e reputação.

    Como corolário, tais pensamentos implicam no fato que o maçom deve bem forjar os seus filhos, convertendo-os efetivamente em “Lewis”. E para que tal capacidade seja desenvolvida, é necessário que o maçom, como tal, seja também bem formado estabelecendo-se, asim, um ciclo virtuoso de geração em geração.

    Agradeço o espaço concedido a esses comentários.

    S&F

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